terça-feira, agosto 01, 2006

Anel de Flores

No Reino das Fadas das Estrelas o dia amanheceu triste e zangado, como se a noite lhe tivesse roubado a força necessária para a alvorada. Era do conhecimento de todas este litígio entre o Sol e a Lua, este comparar de brilhos, estas rasteiras mútuas… Também todas sabiam que se esta disputa acabasse, a noite e o dia deixariam de correr um atrás do outro e o tempo pararia.
Foi sob uma Lua Pequenina, no vale do rio das abelhas, que na noite anterior tinha decorrido o ritual de iniciação das Fadas Menores.
Este cerimonial escolhia a Fada que usaria o Anel de Flores e dedicaria a sua vida à protecção espiritual do Reino.
O Anel, um círculo perfeito cravado de flores celestiais, era o símbolo de um compromisso e amor eterno.
Depois de um majestoso jantar, regado com sumo de ananás com rum para camuflar as ansiedades, foi aberto o Livro e lida a mais bela das orações.
A escolha recaía sobre o rosto onde brotasse a lágrima prateada.
E assim foi, cumprida a tradição, e terminado o rito, a Fada começou a cumprir o seu destino. Com o anel, com as lágrimas e com as palavras ainda a ressoarem dentro de si, despediu-se de tudo o que conhecia e a fazia feliz. Despiu-se dos sentimentos e das recordações. Esqueceu os sonhos de menina e as palavras prometidas.

E, com a alma nua, avançou…

1 Comments:

Blogger Marcos said...

Não importa...
Se às vezes tudo é breve como um sopro...não importa se for uma gota só...de loucura que faça oscilar o teu mundo e desfaça a fronteira entre a lua e o sol...


Ao ler-te...lembrei-me da Mafalda...

Querida Ana, escreves-me uma música?

3:36 da tarde  

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