quinta-feira, janeiro 25, 2007

O último


Porque há coisas que não se explicam…
Porque a música deixou de tocar…
Porque os joelhos estavam doridos…
Ou porque alguém a chamou…
Não sei a razão, ninguém sabe…
Só sei que a menina, calmamente, esperou que o carrossel parasse e determinada partiu.
Vi-a ir, crescida, grande, bonita, a cantarolar, a caminho do horizonte:

Round and round
Carousel
has got you under it´s spell
moving so fast... but
going nowhere...
(E aqui, começam outras palavras, porque quando alguma coisa acaba, outra deverá começar...)

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Eu(s)

Sei que parte de mim ainda lá está, a chorar, como menina, num colo oco de palavras.
Parte de mim continua num chão estranho, a pedir tempo ao tempo que não quer ter.
Permanece, que nem estátua, agarrada a um sonho desfeito pelo seu criador.
Este eu gordo de mágoa, pesa-me, prende-me os pés, tapa-me os olhos e brinca às escondidas comigo.
A outra parte acorda todos os dias com o último suspiro da lua.
Um eu magro de alegria, que ainda acredita, que ainda tem sonhos, vai percorrendo os dias à espera daquele momento mágico em que tudo se transforma em passado.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Um


A brincar, o tempo passou, e vai passando….
Leva à sua frente, o que largo vagarosamente.
Memórias que vão... memórias que ficam...
Algumas guardo-as, como tesouros, numa caixa bonita onde só cabem coisas boas.
Hoje espreitei lá para dentro, só para relembrar o teu sorriso. Aproveitei e pedi à fada que lá mora para que durante a noite, apareça no teu sonho de princesa, e te dê um beijo meu.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

?


Don’t you know who I am?
Cause I don’t know myself anymore
Cause I didn’t know what it was before
I didn’t know what it was…

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Ao entardecer...


... enquanto pedia ao sol que levasse parte de mim para a linha do horizonte, senti que alguém se aproximava.
O velho numa voz serena e firme afirmou, em jeito de pergunta:
- Já tão triste no início do ano.
Os óculos de sol deixaram-me mentir e ainda consegui fingir um sorriso.
Assim como apareceu, desapareceu. Deixando a incerteza se alguma vez lá esteve.

Sr. Sábio, o que fazemos quando o corpo, o coração e a cabeça não se entendem?

sábado, janeiro 06, 2007

Another Day

Say Goodbye
Sunshine
Daylight
Cause it's just another day
You will lose it anyway

Kiss
The time
That goes
Away
Cause it's just another day
You will lose it anyway

You
You lust
In Space
In Time
Cause it's just another day
You will lose it anyway

Air

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Elevador

À medida que subia, o som do piano ia ficando mais distante, engolido por aquele barulho agudo que serve de compasso à passagem dos andares.
Colo-me ao vidro, deixando-o embaciado, espreito, procuro, espero. Não, já não está lá ninguém.
Aposto que se fechar os olhos, ainda consigo ouvir a música… mas, entretanto, deslumbro-me com a paisagem e mantenho-os bem abertos.
Perco a noção do tempo, sinto-me um concentrado de mim mesma, nesta cápsula envidraçada.
As ambiguidades, contradições, o direito e o avesso, o ficar e o partir, o dormir e o correr, o amar e o odiar, o dar e o receber.
Anestesiada, vejo a porta abrir à minha frente. Cheguei.
Antes da porta fechar, fiz um desenho no meu embaciado, talvez alguém o (me) consiga descobrir.

Saí.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Sonho ou coragem?


O galho mais frágil, retorcido, seguiu intrépido à procura de luz.
Resistiu a todas as estações do ano, ao muito calor e à muita falta dele.
Só por engano, não foi derrubado ou levado na ventania.
O tronco, que lhe serve de base, não o conseguiu proteger, mas exigiu-lhe o cumprimento da sua missão.
E assim foi… o galho, retorcido, frágil e desprotegido, deu folhas, flores, frutos e sementes!